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Paráfrases de Salomão I

Palavra do pregador: Como nossa rotina é fútil e vã. O que alguém ganha com todo o seu trabalho no qual investe toda sua energia? Hoje, somos nós. Antes, foram nossos pais e avós e, no futuro, serão nossos filhos e netos. No entanto, o planeta segue seu curso à revelia de nós: o sol continua nascendo, o vento segue seu caminho imprevisível, a água dos rios se renova em seus processos na corrida pelo encontro do mar. Tudo isso acontece sem que, particularmente, possamos influir em nada. O que se passa a nossa volta só pode provocar tédio, pois de fato não há nada de novo acontecendo. O que chamam de novidade é apenas fruto de uma ignorância histórica: o que existe hoje, foi criado há séculos. Estamos apenas contemplando versões pioradas e editadas de ideias antigas. Isso também é desgastante! Pois, ninguém se lembra do que aconteceu e nem as próximas gerações darão importância ao passado. A expectativa de ser memorável é inútil: ninguém se lembrará do que fizemos por muito tempo. Eu, o pregador, venho sendo governante e me dediquei a conhecer com profundidade tudo que o se passa no mundo. Analisei as várias funções que os seres humanos assumem na sociedade e sua motivação em realizá-la e concluí que estão completamente iludidos, andando em círculos, em suas tarefas pesadas esvaziadas de propósito.
Um dia, eu até pensei: Acumulei conhecimento e adquiri inteligência mais que meus antecessores. Por isso, me tornei grande e experiente nas questões práticas e filosóficas da vida. Dediquei minha vida a discernir a sabedoria da loucura, mas querem saber: pura ilusão. Porque quanto mais conhecimento adquiro, mais tédio e tristeza eu acumulo!

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